12 abril 2011

A praça

Sentei sozinha, num banco na sombra, bem no meio da praça. Caminhar pela cidade onde a gente mora é fundamental, mas parar de vez em quando em alguma praça no caminho, é ainda mais importante. Esta é uma praça pequena, mas bem frequentada. Não é cêntrica, é inclusive um pouco afastada e desconhecida da maioria das pessoas, mas começa a ser visitada por gente que vem, como eu, descansar, passar a hora do almoço, do café ou do lanche, conversar, ler ou encontrar amigos distantes (no caso, esta amiga que vos fala).

Tenho vindo com frequência, me acostumei a parar por aqui de vez em quando. 

Quase toda praça fica num cruzamento entre ruas e avenidas. É como um ponto final em uma longa frase ou como uma vírgula que propõe uma pausa, uma inflexão, um respiro, um descanso. Toda praça é um descanso: pro corpo, pra alma, pros olhos, pro tempo e principalmente, pra pressa. Essa pressa que a gente acha que tem, mas que é ela, quase sempre, que tem a gente.

Há um homem nessa praça que olha pra mim, não sei dizer ao certo se nos conhecemos. Deve ficar tentando adivinhar se estou escrevendo ou desenhando, e talvez se perguntando se ele faz parte do desenho. Ao meu redor há ainda outras pessoas que vêm de lugares diferentes, com histórias diferentes, se sentar nessa praça. Tem gente que apenas passa, não pára nem senta, atravessa depressa, andando ou correndo. Mas no geral, quem corre aqui são os cachorros e as crianças, e não o tempo. Quando a gente se senta ele parece que pára e se enrosca e circunda a gente. Fica tudo imerso num tempo envolvente, atrás, na frente, em cima, embaixo.

Uma cidade sem praças é uma cidade sem pausas. 

Escrever um blog é como criar uma praça. E não falo apenas deste, mas de um sem fim de blogs que tenho encontrado e que, como o meu, não querem ser avenidas, nem ruas, nem túneis, nem pontes, nem viadutos. Se este blog pudesse ser alguma coisa, acho que ia gostar de ser esta pausa. Pra fazer o tempo esperar pela gente.

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