09 janeiro 2013

Cabeceira da cama


Cabeceira da cama
uma caixa forrada de azul e violeta
a caneta escreve sozinha
o pedaço de sonho
que de manhã encontro

Um livro espera ser lido
outro por baixo morreu de espera
mas escreveu com pó acumulado
seu contorno no pano do forro

A borracha branca encolheu
de enrolar frases miragens mal escritas
num poema teimosia
que não quer a forma nem os versos que imponho

E o sonho que eu hoje tinha
fugiu à caneta
direi ao analista na terça o que lembro
que vomitava azul
como a tinta
como a caixa mesa cabeceira
que vigila no escuro meu sono de embusteiro ou de poeta

Cabeceira da cama
caixa moradia
de uma aranha que escreve com linhas brancas
um apanhador de sonhos para o poema que desejo

Acordo um dia e a vejo
aranha companhia
saco a sandália e disparo certeiro
e acerto em cheio seu sonho de ser poesia

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