Nunca consegui levar adiante um diário. Talvez por isso esse meu blog seja tudo menos constante. Escrever pra mim não é fácil. E se aqui, em meio aos cachorros, é onde sou mais solta e menos exigente, em outros lugares escrevo com lápis de carpinteiro.
Sempre escrevi, já disse por aqui em algum post que a literatura me salvou do escárnio. Mas até hoje escrever me dá muito trabalho. É como se alguém me pedisse pra fazer uma cadeira, objeto simples, diário, necessário. Mas eu não sou carpinteiro. Me encho de inseguranças e receios de construir um objeto em que ninguém vai querer sentar ou, se sentar, vai ficar com medo. O objeto que consigo é mais que rústico, é frágil, pra usar com cuidado, dar manutenção, fazer ajustes, consertos. Não dá pra produzir em série, não é economicamente viável.
Escrever não se aprende. E se aprender fica fácil, enche garrafas e vende. Não quero. Escrever pra mim ainda é, e depois de tanto tempo, visitar um planeta sem oxigênio e aprender a respirar nele, construir uma cadeira sem ser carpinteiro, e sempre a mesma cadeira e sempre o mesmo embaraço. Meu blog também se ressente um pouco deste desconcerto, deste despreparo, mas se aqui venho pouco é muitas vezes porque a vida lá fora está interessante demais ou de menos, ou porque estou atendendo, com medo, esforço e gozo, alguma encomenda que eu mesma me faço, um amor, uma cadeira, uma prisão, um caminho, um barco.
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